O que a Taylor Swift me ensinou sobre comunidade, engajamento e jornada pessoal
Hoje estou testando um novo formato de texto, diferente dos que costumo escrever aqui. Algo na linha de um relato com comentários e possíveis reflexões sobre determinado tema! Bom, o tema de hoje é Taylor Swift e os aprendizados que tive ao acompanhar minha namorada no show do The Eras Tour, turnê global que a artista está realizando e que teve uma passada aqui no Brasil!
De antemão já queria deixar claro que no início eu claramente estava com expectativas extremamente baixas mas no final tive uma experiência FOD#. Mesmo com vários perrengues e situações merdas, tirei muitos aprendizados mesmo não sendo o público da artista.
Quero separar a experiência e o os aprendizados que tive em 7 diferentes pontos!
- Comunidade
- Engajamento
- Gestão de Expectativa
- Jornada Pessoal
- Storytelling e Organização de Informações
- Interação Contínua
- Elemento Surpresa
Bora.
Comunidade
Minha primeira surpresa começa logo quando estamos indo para o Allianz (Estádio do Palmeiras aqui em São Paulo), e minha namorada me diz que o estádio estaria lotado… Mesmo com 3 dias de show em SP, mais alguns no RJ e 50 mil pessoas apenas na sexta, que? Qual o tamanho dessa comunidade?
Cara, fui ver o Instagram e ela possui incríveis 277 milhões de seguidores… E não estamos falando apenas de um volume monstruoso, mas um engajamento bem acima da média em seu perfil do Instagram…
Trouxe o grande Neymar como base de comparação! Uma figura que já possui uma excelente taxa de engajamento para o volume de seguidores mas que mesmo assim fica atrás da Taylor Swift! (mesmo tendo menos seguidores, o que teoricamente causaria um aumento na taxa de engajamento)
seguindo…
Durante as 4 horas de fila tive tempo o suficiente para observar alguns comportamentos/rituais da comunidade, queria citar 2 que se destacaram:
- Fãs se organizaram de maneira independente fornecendo fitas coloridas para serem coladas atrás do celular para formar a bandeira do brasil ao ligarem o flash durante o show (verde, azul e amarelo)
- “Pulseiras da Amizade” — Fãs fazendo quase que como um ritual interno, uma troca de pulseiras entre eles (mesmo sem se conhecerem), aumentando ainda mais o entrosamento e engajamento interno da comunidade
Diferentemente do campo digital que temos muitos números, métricas e dashboards à nossa disposição, no offline são comportamentos como este que nos dão uma noção do quão bem estruturada está uma comunidade… Do quão “Fidelizada” está essa audiência, sendo alguns fãs, verdadeiros moderadores da comunidade, quase que um guardião dos “bons modos”… FOD#
Primeiro ponto analisado: Comunidade extremamente engajada, com culturas e rituais já instaurados e enraizados…
Se fizer sentido associar desta maneira, seria quase que uma evolução de uma tribo digital para uma “civilização” mais estruturada e organizada.
Gestão de Expectativa
Mesmo em um cenário pré-show bagunçado, composto por chuva, 4 horas de fila, falta de informação, fome… dentro do estádio a gestão de expectativa e direcionamento de atenção foi ímpar!
Alguns pontos que me chamaram atenção:
- Não sei se foi proposital mas de tempos em tempos aparecia alguém da equipe técnica no palco, sempre nutrindo o sentimento de “Será que vai começar?”
- Show de abertura com uma artista que os fãs também amam! (Sabrina Carpenter)
- Destaque ao cronômetro de contagem regressiva que além de tangibilizar o tempo de entrada, direciona a atenção do fã…
Obs: todas gritaram faltando 5 minutos ; 1 minuto ; 10 segundos e claramente o 5,4,3,2,1!
Uma coisa a se pensar que funciona muito mas que as pessoas esqueceram nos dias de hoje: Transparência e honestidade.
Conta para a sua comunidade o que está acontecendo, qual é o roadmap a ser seguido, abre desafios que está passando… pensem juntos!
Isso além de gerar mais confiança, cria um senso de pertencimento, de que estão efetivamente ajudando a construir algo bacana!
Engajamento com a Taylor Swift
Se vocês acham que a taxa de engajamento no perfil da artista é a que mais se destaca, vocês precisam ver isso pessoalmente! São 50 mil fanáticos, vibrando todo intervalo entre músicas!
E eu não to falando de simplesmente aplaudir, é barulho de gol de final de copa do mundo! Do início ao fim, todos que estavam ali dentro se entregaram de corpo e alma! Pulando, chorando, gritando, aplaudindo…
E uma observação aqui, é um marco tão especial para a comunidade que rola até pedido de casamento lá dentro… E não, não to exagerando, isso acontece com uma certa frequência
Para vocês terem ideia, quando cheguei e fui procurar a fila do meu portão, tinham MUITAS pessoas com barraca ali! Perguntei e estavam desde as 4 da manhã…
Fica claro que esse engajamento todo é output e não input! Isso vem da boa gestão de comunidade feita por anos e anos!
Não é do dia para a noite e precisa de um esforço extremamente ativo para criar hábitos, rituais e consequentemente engajamento na comunidade…
Jornada Pessoal
Vendo o engajamento dos fãs com a artista, uma coisa ficou muito clara na minha cabeça: Pessoas gostam de acompanhar jornadas, histórias, frustrações, superações… Cada música ali dentro vinha carregada de um acontecimento na vida pessoal da artista e toda a comunidade sabia exatamente o que era, como ela tinha se sentido na época, qual era o sentimento atual e o mais maluco de tudo… parecia que sentiam junto!
Tem um conceito do GaryVee que eu gosto demais e que acho que faz super sentido aqui que é:
Você é o seu próprio nicho! Não tem nada mais único, que te diferencie mais do que sua própria vida! Sua maneira de olhar o mundo, seus pensamentos… Ele traz um conceito de documentação de conteúdo, onde você vai além de um simples diário gravado e passa a gerar valor para seu público alvo através de sua rotina…
E olhando de fora eu acho que é exatamente aqui que a Taylor Swift entra!
Cresceu na internet (entrou nesse mundo com 11 anos), desilusões amorosas jogadas na internet e conhecidas pelo público, superações, amadurecimento… enfim! Uma jornada acompanhada de câmeras que gera conexão e que inspira seus fãs.
Storytelling e Organização das Informações:
O show foi longo, Muito longo! 45 músicas, 4 horas de show… masss, a surpresa vem quando você não fica entediado, e pq isso?
A estrutura do show é composta por várias “Eras” (sendo mais específico 10)!
Em cada Era existe uma roupa diferente, um cenário diferente, um estilo de música diferente e até mesmo uma postura da artista diferente… lembra da jornada pessoal? É aqui que entra!
Cada Era simboliza um momento específico da vida dela que as fãs acompanharam, sabem o que ela estava sentido e que vibram juntas…
Da maneira que a narrativa foi construída, temos como resultado você não ficar no tédio, pois a dinâmica e o contexto está mudando frequentemente. Sempre atuando com muitos contrastes (Era mais calma muda rapidamente para uma Era mais agitada…) e trabalhando cada conceito com muita intensidade!
Contextualizando para a criação de conteúdo… Trabalhe e estimule diferentes emoções em seus conteúdos, especialmente no começo de vídeos, onde é necessário capturar a atenção da pessoa rapidamente!
Tente diferentes ganchos em diferentes dores, com diferentes gatilhos, em diferentes formatos…
Interação Contínua:
Nas 4 horas de show, não houve um intervalo de música em que ela não tirasse para interagir rapidamente com o público! Gerar essa conexão, puxar as pessoas para o show, elogiar a plateia… um verdadeiro espetáculo onde os fãs se sentem parte do movimento, sentem que têm intimidade com o artista mesmo sendo alguém distante…
Trazendo para a gestão de comunidades em plataformas como por exemplo, a Scarf…
Com o número de membros da comunidade crescendo, é normal que você precise colocar moderadores e agentes intermediários, que vão monitorar, organizar e estruturar todo o conteúdo interno! Meu ponto é: apareça pessoalmente, poste você mesmo, responda dúvidas vocês mesmo… não perca esse nível de interação que você tinha no começo!
Para os gestores de plantão, podemos fazer a associação à estrutura organizacional de uma empresa, podendo ser mais vertical (mais camadas hierárquicas, onde o topo tem menos contato com a base) ou mais horizontal (menos camadas hierárquicas, onde o topo tem mais contato com a base).
No caso da comunidade sendo:
- Base: Membros
- Camadas Hierárquicas: Moderadores
- Topo: Creator; Empresa…
Elemento Surpresa:
Como todo bom gestor de público, quando as pessoas estavam começando a esfriar, surgem elementos surpresas para puxar o público de volta, a era de música acústica, onde ela canta 2 músicas surpresas, sendo uma no violão e outra no piano.
Po, mas 2 músicas foram o suficiente para acordar a galera? Cara, 2 músicas quase me deixaram surdo, foi um barulho e comemoração surreal.
Na criação de conteúdo uma maneira no mínimo curiosa que as pessoas trabalham isso é inserindo um elemento totalmente fora do contexto no vídeo.
No Tiktok é bem comum e acontece quando em determinado frame do vídeo aparece algo totalmente aleatório e que não faz sentido nenhum para a situação… o creator não dá ênfase para o elemento, ele apenas aparece rapidamente e não se comenta nada.
Ex: Pessoa está gravando uma receita de feijoada e quando vai colocar o feijão dentro da panela de pressão, no fundo tem uma chave de fenda…
Vou me despedir porque o texto já ficou extremamente longo, então vejo vocês no próximo papo…
Abraço!