Em uma era onde a rapidez é valorizada e o tempo é um bem precioso, o processo tradicional de compra online me parece quase que arcaico.
Imagine o cenário: você clica em um anúncio, é direcionado para a página do produto, segue para o checkout, preenche uma série de campos e, finalmente, conclui sua compra. Parece simples, mas cada uma dessas etapas representa um potencial ponto de desistência para o consumidor moderno, acostumado a soluções instantâneas e experiências fluidas.
Neste contexto de pressa e busca por eficiência, o processo tradicional de checkout, com suas múltiplas etapas e campos a serem preenchidos, parece desconectado da realidade dinâmica em que vivemos. É aqui que o conceito de Social Commerce ganha relevância, prometendo transformar radicalmente a experiência de compra, alinhando-a com as expectativas e ritmos da vida contemporânea.
O que é Social Commerce?
Social Commerce, representa a fusão entre o comércio eletrônico e as redes sociais.
Neste modelo, a jornada de compra é simplificada e integrada diretamente nas plataformas de mídia social. Em vez de seguir o caminho longo e muitas vezes tedioso do e-commerce tradicional, o Social Commerce permite que os usuários descubram, interajam e comprem produtos em um ambiente familiar e dinâmico — suas próprias redes sociais.
Esta abordagem elimina a necessidade de navegar por múltiplas páginas ou preencher formulários extensos. Em vez disso, ela oferece uma experiência de compra mais direta, rápida e socialmente integrada, onde a transação pode ser concluída em poucos cliques, muitas vezes sem sair do aplicativo ou da plataforma social em uso.
Aqui quero destacar as compras por impulso… Em um país em que 44% da população já realizou algum tipo de compra por recomendação de algum influenciador, imagine o peso de um Reels de recomendação de produto do seu influenciador favorito, aliado a uma mecânica em que você sem sair do Instagram, conclui a compra com simples 3 cliques.
Após implementado, sairemos de um cenário em que as redes sociais apenas capturam atenção, para um cenário de atenção e intenção.
Bom, e no Brasil? Será que faz sentido?
Social Commerce no Brasil
Gosto de falar que quando a gente fala de Brasil nada é pequeno… E nas redes sociais é a mesma coisa… Com um exército de mais de 132 milhões de usuários ativos (só no Instagram), o potencial de geração e captura de demanda é imenso!
Bom, só volume não significa nada! A história fica mais interessante quando entendemos que 46,7% dos brasileiros já utilizam as redes sociais para encontrar produtos para comprar.
Esses números não apenas destacam a importância das redes sociais na jornada de compra dos consumidores brasileiros, mas também evidenciam uma mudança significativa no comportamento de compra. O consumidor brasileiro está cada vez mais inclinado a realizar suas compras em ambientes que já fazem parte do seu cotidiano digital.
Um exemplo emblemático dessa tendência é o Barone, criador de conteúdo brasileiro que atualmente trabalha exclusivamente com videos reviews de produto e já conta com mais de 1,5 BI de visualizações no Tiktok (sim, ali é Bi de bilhão mesmo).
Ele não apenas testa produtos, mas também direciona seus seguidores diretamente para os checkouts dos marketplaces, demonstrando a eficácia do Social Commerce em converter visualizações em vendas reais.
Bom, mas se é uma tendência, cadê a movimentação dos grandes players?
Plataformas que estão de olho no Social Commerce
À medida que o Social Commerce ganha força no Brasil, várias plataformas estão se destacando por suas abordagens inovadoras e adaptativas. Estas plataformas não estão apenas acompanhando a tendência, mas estão ativamente moldando o futuro do comércio social.
- Mercado Livre e “Clips”: Uma funcionalidade dentro do app do MeLi que permite aos usuários comprar produtos através de vídeos curtos. Esta abordagem capitaliza a popularidade dos formatos de vídeo curto, oferecendo uma experiência de compra mais dinâmica e envolvente.
E fazendo um comentário aqui, o número oficial divulgado pelo Mercado Livre é de que vendedores que estão utilizando o Clips, estão tendo um aumento médio de incríveis 500% de visitas na página do produto…
- Amazon e “Inspire”: Uma iniciativa que integra elementos de Social Commerce em sua plataforma. Com isso, a Amazon busca oferecer uma experiência de compra mais personalizada e interativa, permitindo aos usuários descobrir produtos através de um feed de conteúdo inspirador semelhante ao Tiktok.
- TikTok e “TikTok Shop”: Funcionalidade permite que influenciadores, marcas e lojistas vendam produtos diretamente aos usuários através de vídeos e transmissões ao vivo. O TikTok Shop representa um passo significativo na integração do comércio eletrônico com o entretenimento social.
Como marcas podem entrar na tendência do Social Commerce?
Em meio a uma tendência em que opiniões genuínas, conteúdos humanizados e conteúdos que verdadeiramente colocam à prova o produto, surgem alguns desafios para as marcas…
1) Como suprir o volume de conteúdo a ser produzido sem explodir o custo (lembrando que são diversos canais, formatos, momentos de compra…)
2) Como criar um conteúdo humanizado que verdadeiramente se conecte ao público alvo
3) Como trazer mais credibilidade para o review, com o consumidor cada vez mais querendo uma opinião que seja imparcial (ou que pareça ser imparcial…)
Aqui acredito que a gente tenha 2 grandes caminhos para fugir do tradicional uso de influenciadores…
1. Incentivar a Geração de Conteúdo por Clientes: Encorajar os clientes a compartilharem suas experiências e opiniões genuínas sobre produtos ou serviços. Esse conteúdo gerado pelo usuário (famoso UGC) não só fornece prova social, mas também cria uma sensação de comunidade e confiança em torno da marca.
Trouxe um caso fod# da Bold, em meu artigo sobre comunidades digitais, recomendo a leitura!
2. Produção de Conteúdo pelos Colaboradores: Incentivar os colaboradores a serem parte da narrativa da marca pode trazer uma perspectiva autêntica e interna. Os colaboradores podem compartilhar suas experiências, conhecimentos sobre produtos ou bastidores da empresa, criando uma conexão mais profunda e transparente com o público.
Mas Luís, quando a gente fala de criação de conteúdo por parte dos colaboradores, a gente ta falando só de Diretoria pra cima?
Na verdade é o oposto! Acredito que quanto mais pontos de vista, mais rica se torna a narrativa, e consequentemente mais pessoas se conectam com a missão daquela marca, resultando em preferência de compra, diminuição de CAC, redução do ciclo de vendas…
Eu acredito tanto neste último caminho que criei a Nano, uma startup que profissionaliza colaboradores em criadores de conteúdo, permitindo que todos colaboradores enriqueçam a narrativa da marca e que sejam remunerados com base nos resultados que trouxeram!
Em última análise, o Social Commerce oferece uma oportunidade única para as marcas se reinventarem e se conectarem com seus públicos de maneiras mais profundas e pessoais. As empresas que entenderem e abraçarem essa mudança estarão bem posicionadas para prosperar em um mercado cada vez mais competitivo e orientado pela experiência compartilhada.