A era digital transformou a forma como consumimos conteúdo, especialmente vídeos. Neste ambiente dinâmico e extremamente rápido, caracterizado por uma enxurrada de informações produzidas a cada segundo, e com as pessoas cada vez mais tendo dificuldade para focar, a estrutura de um vídeo curto torna-se um poderoso guia de bolso para repensarmos na comunicação da vida offline: uma introdução impactante, um desenvolvimento contínuo que mantenha o ouvinte engajado e um CTA persuasivo.
No meio de tanta informação, tanto conteúdo e tanta velocidade, surge uma dúvida: Como capturar e principalmente, reter a atenção desta pessoa do começo ao fim?
No mundo digital temos recursos que nos exemplificam esse desafio como a curva de retenção de um vídeo curto, em que apenas 5 segundos, 53% das pessoas já continuaram a scrollar o feed…
No mundo físico, apenas sinais corporais e comportamentais.
Então, como podemos capturar e manter a atenção imediatamente? A resposta reside na capacidade de gerar valor desde o primeiro segundo, algo que aprendi tanto na teoria quanto na prática.
Introdução
Diferentemente do vídeo curto em que podemos usar recursos como uma edição rápida, efeitos de transição e até mesmo inserções novas a cada segundo, na vida real, para se capturar a atenção, temos que responder algumas simples perguntas logo de cara:
- Por que devo te escutar?
- Quais são os benefícios que terei se eu te escutar?
E aqui acaba sendo muito simples, é sobre gerar valor rápido antes de desenvolver sua ideia, é sobre servir antes de ser servido…
Dentro da Nano, minha startup que profissionaliza colaboradores em criadores de conteúdo, tivemos um caso bem interessante e que ilustra muito bem essa situação.
Estávamos tentando captar o primeiro lote de clientes e estávamos enfrentando uma enorme dificuldade ao tentar prospectar uma grande marca de roupa brasileira.
Nossa abordagem inicial começava nossas apresentações de forma tradicional, pedindo algo dos decisores sem oferecer algo valioso em troca. Foram mais de 50 mensagens enviadas para colaboradores da empresa e pouquíssimas respostas!
Decidimos mudar a estratégia. Em vez de começar pedindo, iniciamos oferecendo algo de valor concreto. Criamos um report detalhado, analisando mais de 200 postagens de vendedores da marca. O foco era mostrar a diferença de engajamento entre posts prontos fornecidos pela empresa e posts autorais criados pelos vendedores.
Os resultados foram claros: descobrimos que 91,51% dos posts eram do tipo pronto, e representavam apenas 57,97% do engajamento, enquanto post’s autorais em volume correspondiam por apenas 8,49% mas representavam 42,03% do engajamento.
Bingo, foi necessário 1 e-mail e conseguimos a porta de entrada que buscávamos…
Passávamos da introdução para a etapa de desenvolvimento.
Desenvolvimento
A principal lição que temos nesta etapa é a de dinâmica, ou seja, como estruturar e apresentar informações de maneira que a pessoa nunca fique entediada ao te escutar.
E novamente, diferentemente de vídeos curtos, aqui não temos cortes rápidos, efeitos de zoom, legendas, inserções na tela…
Alguns pontos de atenção:
- Seja claro e direto, pessoas tem pouco tempo disponível e ser direto significa respeitar o tempo delas
- Controle a velocidade da apresentação, gaste mais tempo nas informações importantes que precisam ficar claras na cabeça de quem te escuta
- Respeite as etapas, na grande maioria dos casos é necessário uma sequência de conversas! Não tente vomitar todas informações de uma vez só
- Traga algo inesperado e que gere valor extra!
No caso da marca de roupa que citei, conversamos com vários vendedores e trouxemos alguns feedbacks anonimamente para o gestor durante a reunião!
Um outro caso interessante de trazer é de dentro da própria metodologia da Nano, quando o objetivo da empresa ainda era profissionalizar influenciadores!
No início, nossas aulas eram estruturadas da seguinte maneira:
- Introdução ao Projeto
- Contextualização sobre Creator Economy
- Contextualização do Mercado
- Estratégia
- Operação —> Aqui ele colocava em prática os conhecimentos
- Otimização
Todas aulas eram extensas (30 a 40min) e dinâmica de aula de escola, com introduções como:
“Fala pessoal, tudo bem? sejam bem vindos a mais uma aula do projeto tal, espero que vocês tenham gostado da aula de ontem. Na aula de hoje falaremos sobre…”
Lembra de como funciona a curva de retenção? Então, perdíamos 88% dos alunos em questão de 1 minuto! (Literalmente)
Como resolvemos isso?
Estruturamos os blocos de conteúdo de maneira que desde o início o aluno já consiga colocar em prática tudo que está sendo passado! Fragmentamos as aulas em pílulas de conteúdos verticais, dinâmicas, extremamente diretas, de no máximo 5 minutos!
Resultado: Aumento exponencial de retenção tanto nas aulas, tanto na trilha como um todo…
Ou seja, no final das contas fomos diretos, focamos nas informações essenciais, respeitamos as etapas e conseguimos criar uma experiência inesperada, algo como scrollar seu Tiktok.
Bom, e o CTA? O Famoso chamado para ação…
CTA – Chamado para ação
Os chamados CTA’s, são o “empurrãozinho final” que a pessoa precisa para realizar a ação que você deseja!
Frases curtas, diretas e geralmente no imperativo.
Os principais pontos aprendizados que tiro de um CTA de vídeo curto para uma reunião no offline é que:
- Desde começo o objetivo deve ser único e muito claro! marcar uma reunião, fechar a venda, conseguir o contato de tal pessoa…
- CTA deve estar 100% alinhado com o resultado esperado/ métrica de sucesso!
- Inserir o CTA na hora correta: Em vídeos curtos, inserir o CTA muito cedo, significa ainda não ter gerado valor suficiente para a pessoa, resultando em 2 caminhos.
- Pessoa sair do vídeo (intensifica ainda mais a queda de pessoas que vimos na curva de retenção)
- CTA com pouco efeito (derruba sua taxa de conversão para o chão…)
Em uma conversa ou reunião a história é a mesma!
Queda de interesse, frustração por ter saído de uma reunião/conversa que não levou a nada e especialmente, queda na taxa de conversão!
Para finalizarmos nosso papo de hoje.
A era digital nos desafia a repensar a forma como nos comunicamos. Seja em vídeos curtos, apresentações comerciais ou qualquer outra interação, a chave para capturar e manter a atenção está em gerar valor desde o início. Como vimos no caso da marca de roupa, mudar a abordagem para oferecer algo primeiro, em vez de pedir, pode abrir portas e criar conexões significativas.
Este princípio se aplica universalmente: em um mundo saturado de informações, quem oferece valor imediato não só é visto, mas também lembrado.
Portanto, na próxima vez que você preparar uma apresentação, pense em como pode oferecer valor desde o primeiro segundo.
Isso pode fazer toda a diferença.